Faculdade de Medicina da USP não alcançou meta de cota racial para 2018
Postado em
29/08/2018
No primeiro ano de aplicação de cotas sociais e raciais na Universidade de São Paulo (USP), a Faculdade de Medicina não conseguiu matricular o número mínimo esperado de estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI). A USP diz, porém, que considerando todos os mais de 11 mil calouros de todos os cursos, conseguiu atingir a proporção mínima determinada pela política de cotas.
Dados obtidos pelo G1 mostram que, das 250 vagas oferecidas no vestibular para as quatro carreiras da FMUSP (medicina, fisioteria, fonoaudiologia e terapia ocupacional), 248 acabaram preenchidas. Dessas, 109 matrículas foram feitas por estudantes que fizeram o ensino médio na rede pública, sendo que 33 deles também se autodeclararam pretos, pardos ou indígenas.
Para cumprir a cota mínima de estudantes de escola pública (categoria chamada de EP na instituição), e a de estudantes de escola pública pretos, pardos ou indígenas (categoria EP-PPI), a Faculdade de Medicina deveria ter, respectivamente, pelo menos 92 estudantes da categoria EP e, dentre eles, 35 calouros da categoria EP-PPI.
Matrículas na carreira de medicina
Para 2018, a regra de cotas da USP é obrigatória para a soma total de matrículas de cada faculdade, escola ou instituto. Os cursos específicos só terão que cumprir uma cota mínima a partir do vestibular 2019.
De acordo com os dados obtidos pelo G1, a carreira de medicina já cumpriu a cota de escola pública em 2018, mas não a da cota racial. No total, as 175 vagas oferecidas foram preenchidas, e, segundo as novas regras, pelo menos 65 deveriam ser destinadas a alunos da rede pública, e dessas, 24 tinham que ser preenchidas por alunos da rede pública e pretos, pardos ou indígenas.
Na prática, esses números foram, respectivamente, de 82 calouros que saíram do ensino médio em escola pública e 23 que são de escola pública e também se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas.
Entenda a política de cotas da USP:
- O sistema de cotas na USP foi aprovado em julho de 2017 pelo Conselho Universitário (CO); por ser uma universidade estadual, ela não está sujeita à Lei Federal de Cotas.
- Pelas regras da USP, até 2021 a universidade terá metas graduais sobre a proporção de estudantes de escola pública entre os calouros matriculados a cada ano.
- Para 2018, a proporção fixada foi de 37% para o total de matrículas de cada unidade, mas em 2019, 2020 e 2021 ela sobe para 40%, 45% e 50%, respectivamente, e vale especificamente para as matrículas de cada curso.
- Já a cota racial segue o mesmo critério da Lei Federal de Cotas: o número de vagas reservadas para pretos, pardos e indígenas (PPI) deve corresponder à mesma proporção da população no Estado; no caso de São Paulo, a USP usa como referência a proporção de 37,5%.
- Porém, o cálculo deve ser feito dentro da parcela de cotistas sociais: isso quer dizer que o número de vagas para os candidatos PPI na USP tem que representar 37% das vagas reservadas para quem estudou na rede pública, e não das vagas totais.
- Além disso, apenas os estudantes pretos, pardos ou indígenas que estudaram em escola pública podem concorrer pela cota racial.
Fonte: G1
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